Moradores da Gleba Ajarani, localizada no município de Iracema, denunciaram nesta quarta-feira (30), durante a 10ª reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Grilagem de Terras, uma série de crimes cometidos por grileiros. Entre os relatos estão ameaças, invasão de residências, roubo de pertences, incêndios criminosos e até prisões ilegais, supostamente com o apoio de policiais civis.
A audiência pública ocorreu no Plenário Valério Caldas de Magalhães da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) e contou com os depoimentos de Paulo Adailton de Souza e Silva e Breno da Silva, que representaram mais de 120 famílias residentes na região. A gleba abrange as vicinais Forró, Mamão, Nova Floresta e Chapéu.
Segundo os relatos, os conflitos com grileiros ocorrem há anos. Paulo Adailton, que vive na região desde 2012, afirmou que os fazendeiros entram nas casas, roubam alimentos e armas, colocam fogo nas propriedades e intimidam moradores com a ajuda de autoridades. “Nós vivemos uma vida sofrida. Os grileiros chegam com pedras, facas e com apoio da polícia. Pedimos à comissão que nos ajude para que esses crimes sejam punidos”, disse.
Breno da Silva, morador há quatro anos, relatou que um empresário cercou grande parte dos terrenos, tomando até 90% das terras de algumas famílias. Ele citou o nome de Petrúcio Salvador dos Santos, sócio do supermercado Gavião, como responsável por mudanças não autorizadas nas divisas e uso de máquinas para cercar os lotes. “Famílias foram surpreendidas com pedras marcando o território dentro de seus terrenos, sem qualquer comunicação prévia”, relatou.
Diante da gravidade das denúncias, a CPI orientou os moradores a reunir documentos e boletins de ocorrência que comprovem a posse legítima das terras e os episódios de violência, para que possam ser encaminhados ao Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), com o apoio do setor jurídico da ALE-RR.
O presidente da comissão, deputado Jorge Everton (União), afirmou que os relatos demonstram uma escalada de crimes e que os responsáveis já foram identificados. “Estamos avançando na apuração e comunicando tudo de forma transparente. Agora cabe ao Ministério Público e ao Judiciário tomar as medidas legais para punir os envolvidos e garantir o direito à terra aos verdadeiros proprietários”, destacou.
Também participaram da reunião o relator da CPI, deputado Renato Silva (Podemos), os parlamentares Chico Mozart (Progressistas), Gabriel Picanço (Republicanos) e Neto Loureiro (PMB), além do presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), que enfatizou o compromisso da Casa com a proteção dos pequenos produtores rurais.