Universidades da Amazônia vão estudar efeitos da contaminação por mercúrio

Grupos de pesquisa de sete universidades da Amazônia se uniram para lançar o Instituto Amazônico do Mercúrio (Iamer), com o objetivo de enfrentar a contaminação por mercúrio na região. A iniciativa busca agregar esforços em pesquisa científica, treinamento profissional e engajamento comunitário.

O Iamer reúne pesquisadores das Universidades Federais do Pará (UFPA), do Oeste do Pará (Ufopa), do Amapá (Unifap) e de Rondônia (Unir), além da Universidade de Gurupi, no Tocantins (UnirG), e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

“As ações do Iamer vêm facilitar o trabalho que está sendo realizado por muitos grupos da Amazônia, porque traz visibilidade e capacidade de articulação na hora de conseguir recursos. Vai melhorar o desempenho do gasto público para essas ações. A ideia é nos apoiarmos, uns aos outros, aqui na Amazônia”, explica Maria Elena Crespo López, coordenadora do Iamer e professora da UFPA.

O mercúrio, utilizado na mineração para separar o ouro de minerais sem valor comercial, apresenta-se em forma líquida à temperatura ambiente. No entanto, seu uso leva à dispersão do metal na água, solo e atmosfera, contaminando plantas, peixes e, consequentemente, as pessoas.

Uma das primeiras iniciativas do Iamer é a criação de polos de testagem de contaminação por mercúrio em cada estado amazônico. Além disso, o instituto pretende reunir dados confiáveis para embasar políticas públicas, incluindo a aprovação do Projeto de Lei que tramita no Senado, visando estabelecer a Política Nacional de Prevenção da Exposição ao Mercúrio no Brasil.

“O impacto do mercúrio para a população amazônica vai muito além dos problemas neurológicos nos casos de intoxicação aguda. Mesmo em quantidades baixas, a exposição contínua afeta o coração, a aprendizagem das crianças e acarreta custos para a previdência social”, alerta Maria Elena.

Ela enfatiza que o problema transcende as fronteiras amazônicas, pois o mercúrio pode percorrer grandes distâncias pela água e atmosfera. “A ciência demonstrou que o mercúrio na América do Sul – 80% dele é da Amazônia – chega a regiões tão distantes como o Ártico. Se o mercúrio gerado na Amazônia está chegando ao Ártico, ele está conseguindo chegar em todo o Brasil”, ressalta.

Produtos alimentícios contaminados por mercúrio também podem ser comercializados em outras regiões, aumentando o alcance do problema. O Iamer inicia suas atividades nesta terça-feira (21), com apoio da WWF-Brasil e do Ministério da Justiça.

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