Governo Avalia Retorno do Horário de Verão: ONS Recomenda Medida em Meio à Crise Hídrica

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sugeriu a reintrodução do horário de verão no Brasil, mas o Governo Federal ainda precisa avaliar o contexto antes de tomar uma decisão. Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a definição deve ocorrer nos próximos dez dias, e, se adotada, a medida poderá ser aplicada em 2024, mas não necessariamente durante toda a estação.

As afirmações do ministro foram feitas após uma reunião do ONS, que indicou a prudência em retomar o horário de verão. “Atualmente, temos uma política de planejamento para o setor elétrico fundamentada na ciência, buscando um equilíbrio entre segurança energética e tarifas acessíveis para a população. Com base nisso, faremos uma análise cuidadosa da situação”, declarou Silveira.

O encontro foi realizado na sede do ONS, no Rio de Janeiro, onde técnicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresentaram dados sobre a crise hídrica que o Brasil enfrenta, ressaltando que os índices pluviométricos atuais são os mais baixos em 74 anos, desde 1950.

Silveira enfatizou que, apesar da recomendação do ONS, não há risco energético iminente para 2024, devido ao planejamento já em curso. Contudo, ele destacou a necessidade de uma visão a longo prazo, focando em 2025 e 2026. “Ainda não estou convencido da necessidade do horário de verão. Embora tenha demonstrado potencial para economia e aumento da confiabilidade, precisamos avaliar outras opções antes de tomar essa decisão, que impacta a vida de todos os brasileiros”, afirmou.

Ele ressaltou que a opinião dos diversos setores econômicos deve ser considerada apenas para fins de planejamento. “Estamos abertos ao diálogo não para influenciar nossa decisão, mas para entender melhor os prazos de planejamento de setores estratégicos. A escolha deve ser baseada em planejamento e ciência. O gestor precisa ter coragem para tomar decisões, independentemente da reação de certos grupos”.

Silveira também destacou que o horário de verão pode contribuir para a sustentabilidade energética, citando o Canadá como exemplo. Instituído no Brasil em 1931, o horário de verão foi aplicado continuamente de 1985 a 2019, quando foi revogado pelo governo anterior, que alegou pouca eficácia na economia de energia.

“Essa revogação foi uma grande irresponsabilidade, sem respaldo científico. Em 2021, quase enfrentamos um colapso energético, o que gerou um custo de mais de R$ 5 bilhões para o povo brasileiro. Naquela época, a conta de energia subiu mais de 20%. Vivemos um período de negação em várias áreas”, comentou Silveira.

Embora tenha suas hesitações sobre a implementação do horário de verão este ano, o ministro destacou as questões técnicas que precisam ser consideradas. “Hoje, não temos problemas de geração de energia, mesmo com a grave crise hídrica. Porém, entre 18h e 21h, precisamos acionar a maior parte do parque térmico, o que é mais custoso e estressante para o sistema. É fundamental pensar na economia para o consumidor e garantir uma margem de segurança para o setor elétrico”.

Silveira também ressaltou que deve-se considerar não apenas as demandas de transmissão, mas o ritmo de geração. “Alguns especialistas afirmam que o horário de pico não é mais entre 18h e 21h, mas entre 14h e 16h. Embora isso seja verdade, nesse intervalo estamos no auge da geração de energias renováveis, como a solar”, concluiu.

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