A revista Veja publicou, neste domingo (29), uma nova matéria sobre o suposto esquema de desvio de medicamentos destinados aos Yanomami, envolvendo autoridades de Roraima. A reportagem destaca a delação de Harisson Moraes da Silva, servidor da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) que foi preso durante uma operação da Polícia Federal. Ele afirmou que ocultava e queimava medicamentos sob ordens da secretária Cecília Lorenzon e de seu marido, o empresário Wilson Basso, mencionando ainda que o governador Antonio Denarium (PP) estaria “ciente de tudo”.
O servidor possuía uma casa abandonada em Boa Vista, onde a PF encontrou, no início do ano, grandes quantidades de medicamentos que deveriam ser enviados aos indígenas. Segundo seu depoimento, Basso pediu que ele armazenasse os remédios nesse local. O esquema teria desviado quase R$ 1 milhão destinados à saúde dos Yanomami. Além disso, Moraes relatou ter telefonado para Lorenzon no dia da apreensão dos medicamentos, recebendo a resposta de que não era seu problema. Após sua libertação, ele teria conversado novamente com a secretária, que insinuou que o governador estava ciente do caso.
As investigações estão relacionadas à Operação Yoasi, que apura desvios de recursos do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), envolvendo agentes públicos e empresários. A primeira fase da operação, iniciada em 30 de novembro de 2022, revelou que mais de 10 mil crianças Yanomami ficaram sem assistência, com apenas 30% dos medicamentos sendo entregues. Outros suspeitos também estão sendo investigados, com indícios de que teriam realizado grandes aportes em empresas para dar aparência de legalidade aos valores desviados. Entre os alvos da operação está Roger Pimentel, que teria repassado R$ 4 milhões para uma empresa investigada e foi preso na Operação Hipóxia, que analisou o superfaturamento de oxigênio destinado aos Yanomami. A secretária Lorenzon foi afastada por 14 dias, mas retornou ao cargo após esse período.
