A Anvisa aprovou o parecer que confirma a segurança e a eficácia da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan. O imunizante será o primeiro produzido integralmente no Brasil e abre caminho para sua inclusão no calendário nacional, com oferta exclusiva pelo SUS.
O Ministério da Saúde prevê iniciar a distribuição em 2026, conforme a capacidade produtiva do Butantan. Na próxima semana, um comitê formado por especialistas e gestores do SUS definirá a estratégia de vacinação.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a produção nacional representa um avanço no combate à doença.
Segundo ele, a entrega em larga escala só será possível graças à parceria com a empresa chinesa WuXi, responsável pela transferência de tecnologia e pela ampliação da capacidade produtiva.
A vacina utiliza vírus vivo atenuado, tecnologia já aplicada em outros imunizantes do PNI. Estudos mostram eficácia de 74,7% contra casos sintomáticos entre pessoas de 12 a 59 anos e proteção de 89% contra formas graves e com sinais de alarme, conforme publicação da The Lancet Infectious Diseases. A recomendação aprovada pela Anvisa contempla esse público, com possibilidade de ampliação no futuro.
A cooperação com a China foi fundamental para o avanço do projeto. Em missão oficial ao país asiático, Padilha visitou a WuXi Vaccines, parceira no desenvolvimento e na produção em larga escala da vacina, que protege contra os quatro sorotipos do vírus com dose única.
Situação da vacinação no Brasil
O Brasil é hoje o único país que oferece vacina contra a dengue pelo sistema público, com doses importadas distribuídas a 2,7 mil municípios. Desde o início da estratégia, mais de 7,4 milhões de aplicações foram realizadas. Para o período entre 2025 e 2027, estão garantidas 18 milhões de unidades da vacina atualmente utilizada, aplicada em duas doses em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
Mesmo com queda de 75% nos casos em 2025, o Ministério da Saúde reforça a importância das ações de combate ao Aedes aegypti. Até outubro, foram registrados 1,6 milhão de casos prováveis, com São Paulo concentrando 55% das notificações. As mortes também diminuíram 72%, chegando a 1,6 mil óbitos, a maioria no estado paulista.




